Dois dias para o Natal, e eu na maior azafama para ter tudo, mas tudo controlado ao pormenor. A correria, que já há alguns dias, semanas, meses... se fazia sentir, estava agora ao rubro. Rumo ao Aki, vou comprar as minhas velas de baunilha, meto-me no carro, respiro fundo, e pronto:
- Finalmente, tenho tudo o que preciso!
De repente lá vêm os três “tombos” interiores da praxe e que tão bem conheço, seguindo-se o pensamento “não, não posso ir abaixo agora, não quando está toda gente a ver”. Lá começam as palpitações, o coração a sair pela boca, o que não melhora à medida que me vou aproximando do semáforo, que obviamente passa de imediato a vermelho.
- Ok Muriel! Já sabes o que isso é, respira fundo!
Lá o semáforo passa a verde e quase caí na tentação de virar logo no próximo cruzamento, mas mantenho-me fiel ao meu percurso, já com a língua dormente e visão turva, decido que parar é morrer e lá vou rumo a casa sem pestanejar...
E vou-me abaixo, completamente abaixo. Outro ataque de pânico! Para mim é sinal da minha fraqueza, da minha condição humana, mas é sinal sobretudo que já não estou a aguentar mais. E eu não quero que ninguém me veja assim, não quero que a minha vulnerabilidade se exteriorize. Sou forte e sou capaz, não sou frágil ou quebrável. Não sou fraca. Não sou fraca! Não posso ir-me abaixo. Simplesmente não posso...
E os meus dias seguintes são a agonia desse pensamento que me assalta sem parar. Os dias seguintes são pensados a tentar evitar a minha exposição aos meus receios. São planeados ao milímetro para garantir que tudo está controlado. E paro. Tenho de parar. Tenho de parar e reflectir sobre o que me leva a estar assim, e não sobre o resultado, sobre os sintomas.
Nós os amantes do pânico temos um grande problema. Fugimos dos medos e tentamos racionalizar os pensamentos errados, aqueles que deviam de ir para a gaveta e ficar lá fechados, porque são apenas pensamentos. São apenas pensamentos estúpidos e inúteis, que por muito que lhes demos a volta, não irão ter uma avaliação lógica. E para fugir dos medos, é preciso muita destreza, é preciso viver acelerado, preencher o dia inteiro, as horas, os minutos e os segundos. Não se pode parar!
Nós os amantes do pânico, apenas somos capazes de abrir os olhos, quando o corpo nos diz à sua maneira, que temos de abrandar. Mas depois de tanto correr, é difícil voltar a andar pacificamente. É que provavelmente o medo vai-nos apanhar e vamos ter de enfrentá-lo.
O medo vai apanhar-me e este é dos bem antigos, é bem grande e assustador. Faz-me sentir pequena ao seu lado, indefesa e desprotegida. Deixei-o crescer durante estes anos todos e agora parece impossível fazer frente, só um milagre o poderia deitar abaixo...
Mas não quero passar a minha vida a ser derrubada por ele. Não quero diminuir os meus dias, as minhas conquistas, as minhas alegrias na sua sombra. Não quero mais deixá-lo tomar conta da minha vida. Não quero mais deixá-lo vencer e apoderar-se da minha alma, pois temo que um dia não sobre mais nada dela se tal permitir.
Nós os amantes do pânico, temos a mania de odiar a nossa ansiedade e de culpá-la pela nossa realidade. Mas a verdade é que a ansiedade é parte de nós, que pode ser controlada. O pânico é resultado de fugir demasiado tempo ao que deve ser enfrentado. Não sei sinceramente se há quem consiga fugir a vida inteira, mas sei que podemos fugir o que quisermos, mas assim é impossível viver a vida em toda a plenitude do seu significado.
E ao olhar para a minha vida, tenho de reconhecer o lado bom da minha ansiedade. É ela que me faz ser excelente em tanta coisa que faço. Que me faz estar atenta ao pormenor. Que me faz estar um passo à frente e estar informada. É ela que me deveria trazer a tranquilidade e serenidade que devia ver no dia de amanhã, porque sei que estou preparada para o que vier. Sem a minha ansiedade não seria quem sou. Sem os meus medos, seria finalmente a melhor versão de mim mesma...
Amantes do pânico! Dicas para manter essa ansiedade controlada:
- Relaxamento ao acordar e ao deitar (existem várias técnicas de respiração, experimentem!)
- Exercício físico moderado
- Alimentação correcta (menos açúcar, menos sal, menos cafeína, álcool ou tabaco)
- Substituam um “tenho de fazer isto hoje”, por apetece-me fazer isto agora
- Tirar um tempo para vocês apenas
- Sentir as emoções e falar delas. Não queiram o saco a transbordar!
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